27 de mai. de 2012

O cinema no celular - palestra com Roger Odin

No dia 22 de maio no auditório do CPM no campus da Praia vermelha da UFRJ aconteceu a palestra do pesquisador francês Roger Odin que falou sobre seu tema de pesquisa: cinema no celular. Odin, professor de Ciência da Informação e Comunicação da Universidade de Paris III, tem pesquisas sobre documentário, filmes de família e mais recentemente sobre o cinema no celular.

Durante a palestra, Odin mostrou um curta-metragem feito com celular e trechos de dois longa matregens franceses exibidos no Festival de Cannes. O pesquisador falou sobre a existência de um mercado de filmes feitos com o celular, principalmente na Nigéria e na Índia, criado por razões econômicas. Isso democratiza o cinema, pois filmes são feitos onde isso não seria possível.

Odin pesquisa como as pessoas que fazem os filmes veem as diferenças de se fazer os filmes a partir de celular. Para quem assiste, essa pergunta é a mesma do que para quem está fazendo o filme: Qual é a diferença do filme por estar sendo feito por celular?

A produção feita por celular se tornou uma linguagem cotidiana, sem necessidade de pesquisa estética. A gente se comunica através da linguagem das imagens assim como se comunica com o texto. Com isso muda o estatuto da linguagem, pois essa passa a ser de comunicação e não somente uma linguagem cinematográfica, muda o uso do cinema dentro do próprio filme.

A câmera filmadora, mesmo compacta, temos que escolher se vamos levar na bolsa. O celular está sempre no bolso. Ocorrendo algum acontecimento, imediatamente tem várias pessoas filmando o que aconteceu. Isso traz consequências políticas porque a gente pode filmar várias situações. Como, por exemplo, as manifestações ocorridas da Tunísia. Graças ao celular a gente teve acesso às imagens da manifestação.

Uma grande transformação é que as imagens filmadas podem ser transferidas imediatamente. Isso é estratégico, pois a imagem pode rapidamente ser divulgada. Temos no bolso um poderosíssimo instrumento de difusão porque as imagens podem ser difundidas momentaneamente e uma vez isso feito qualquer um pode se apropriar dessas imagens e fazer um filme.

O celular é individual. Ao filmar com o celular usamos a linguagem em primeira pessoa. Quando filmamos com o celular, a gente não filma com o olho, mas com a mão. Fazemos grandes planos sequencia. Essa é uma particularidade do celular que mesmo as câmeras pequenas não têm. É uma extensão do corpo e sentimos isso assistindo aos filmes.

Odin fala de uma dimensão poética dos filmes feitos com celular, que nos levam a ver de uma forma diferente aquilo que a gente vê na vida cotidiana. O pesquisador vê no uso do celular imposições que incentivam a criatividade. Filmar em 35mm também tem suas imposições, mas são de outra ordem.

O pesquisador afirma que existe uma produção artística com o uso do celular, mas não encontra uma correspondência nos trabalhos acadêmicos. Ao fim da palestra conclamou: filmem e produzam sobre nossas relações do cinema a partir do celular e do celular a partir do cinema!

Joana Milliet

2 comentários:

Adriana Hoffmann disse...

Muito bom Joana!!!!
òtimo registro!!!

Mirna Juliana disse...

Adorei o relato, Joana. Que competência!